quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

As doenças crônicas e modernas


Volta e meia nos encontramos em uma roda de amigos conversando sobre as loucuras dos dias atuais, a correria de sempre ou sobre o estresse que nos rodeia 24h por dia; coisas que todos nós consideramos como naturais à vida moderna.
Montes e montes de remédios, são estas as inegáveis marcas de uma vida "mais longa" na era moderna; afinal estamos vivendo mais não é mesmo ?

O sentimento nostálgico logo aparece e começamos a falar sobre a qualidade de vida que nossos avós tiveram; livres de estresse, de pressões das mais diversas etc. E não é raro comentarmos sobre a dieta de nossos avós: sobre o uso da banha de porco, do excesso de sal e outras coisas mais que "graças à ciência" retiramos de nosso dia a dia. De imediato traçamos um paralelo da velhice atual com uma queda muito acentuada na qualidade de vida... a conta não bate, e logo assumimos que este é o preço "natural" por se viver mais, por termos mais opções de lazer, mais recursos, uma vida "mais longa".

A grande verdade é que as gerações atuais não compreendem de onde vem o alimento que ingerimos todos os dias. É comum encontrar pesquisas entre crianças/adolescentes/jovens (em várias nações nos últimos 15 anos) sobre a identificação de alimentos como legumes, verduras ou frutas; o resultado não é muito diferente disso aqui. É muito comum as gerações mais novas confundirem os vegetais e até se surpreenderem com a questão do coração de galinha; quando afirmamos que cada galinha tem um, e apenas um, coração(zinho) !

Desde cedo esta geração se acostuma a ver um remédio para a doença X, outra para a doença Y, um outro para isso e outro para aquilo. Viver cercado por remédios é o normal atualmente !

Sem querer me aprofundar demais na questão, fato é que nosso sistema econômico é o capitalismo, cujo mister objetivo é o lucro. Quando falamos de doença, logo nos lembramos das áreas relacionadas direta e indiretamente à saúde: medicina, nutrição, educação física, fisioterapia, farmácia e tantos outros.
Então te pergunto; Em um sistema em que a movimentação do dinheiro é necessária para se gerar mais riqueza, oportunidades e por consequência LUCRO, você acha que uma pessoa com saúde total pode realmente alimentar este sistema ?
Já ficaria demasiadamente feliz se você ficar (pelo menos) com uma pulga atrás da orelha; e que você meditasse em uma das frases mais impressionantes que já ouvi sobre nosso sistema econômico. A frase é de autoria de Jacque Fresco (engenheiro social e futurologista dentre tantos outros títulos):

"Em um sistema monetário é difícil confiar nas pessoas"
("it's hard in a monetary system to trust people")

Não quero me ater demais às questões éticas e filosóficas que permeiam o assunto, mas, não posso deixar de considerar o que Upton Sinclair (notável reformador social, com mais de 100 livros publicados) afirmou:

"É difícil fazer um homem entender algo,
quando seu salário depende de ele não entender isso !"
("It is difficult to get a man to understand something,
when his salary depends upon his not understanding it!")

Só eu que vejo que há algo de errado nisso tudo ? Infelizmente este não é o foco deste post; mas futuramente voltarei a este assunto !!!

Enfim, deixando as sofias de lado, o post aborda as doenças crônicas, também conhecidas, confundidas e consideradas doenças modernas da civilização.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Dieta Lowcarb no controle da diabetes: 12 evidências


Pesquisando sobre as doenças crônicas no PUBMED me deparei com um artigo que saiu na edição de Janeiro de 2015 da Nutrition Journal, uma publicação da Elsevier. O jornal é fonte de autoridade para algumas federações de Nutrição, como a Japonesa (reconhecidamente anos à frente em orientações baseadas em evidências).

O artigo tem o título de:

Restrição de carboidratos na dieta como a
primeira abordagem no controle do diabetes:
Revisão crítica e base de evidência
(Dietary carbohydrate restriction as the first approach in diabetes management:
Critical review and evidence base)

O mesmo pode ser encontrado, em sua totalidade, no Nutrition Journal.



Resumo

O abstract diz o seguinte:

Agora em português:
A incapacidade das recomendações atuais para controlar a epidemia de diabetes, a falha específica das dietas de baixa gordura predominantes para melhorar a obesidade, risco cardiovascular ou a saúde geral e os relatos persistentes de alguns efeitos secundários graves de medicamentos para a diabetes comumente prescritos, em combinação com a continuação do sucesso das dietas lowcarb (pobres em carboidratos) no tratamento da diabetes e síndrome metabólica sem efeitos colaterais significativos apontam para a necessidade de uma reavaliação das orientações nutricionais. Os benefícios da restrição de carboidratos em diabetes são imediatos e bem documentada. Preocupações sobre a eficácia e segurança caem sobre os efeitos conjecturais e de longo prazo, em vez de evidências. A restrição alimentar de carboidratos reduz de maneira confiável a glicose elevada no sangue, não requer a perda de peso (embora ainda seja melhor para a perda de peso) e leva à redução ou eliminação da medicação. A dieta nunca mostrou efeitos colaterais comparáveis aos observados em muitas das drogas para a doença. Aqui apresentamos 12 pontos de evidência que sustentam o uso de dietas de baixo carboidrato (lowcarb) como a primeira abordagem para o tratamento de diabetes tipo 2 e como o complemento mais eficaz no tratamento de diabetes tipo 1. A dieta apresenta os resultados mais documentados e menos controversos. A insistência em ensaios clínicos randomizados de longo prazo como o único tipo de dados que serão aceitos é sem precedentes na ciência. A gravidade da diabetes requer que avaliemos todas as evidências que estão disponíveis. Os 12 pontos são suficientemente convincentes de que nós sentimos que o ônus da prova recai agora sobre aqueles que se opõem à esta orientação nutricional.

Sem nos deter em todas as questões levantadas, vou priorizar neste post a apresentação dos 12 pontos de evidência e as conclusões, e recomendações, que os autores chegaram. Mas antes disso vale a pena ressaltar o que um dos co-autores disse acerca de suas descobertas:

No final de um dia de trabalho, nós vamos para casa pensando: "As melhorias clínicas são tão grandes e óbvias, por que outros médicos não a compreendem ?" Restrição de carboidratos é facilmente compreendida pelos pacientes: Porque carboidratos na dieta elevam a glicose no sangue, e como a diabetes é definida pela glicose sanguínea elevada, faz sentido reduzir os hidratos de carbono da dieta . Ao reduzir o carboidrato na dieta, temos sido capazes de eliminar até 150 unidades de insulina em apenas 8 dias, com melhoria acentuada no controle glicêmico, alcançando até mesmo normalização dos níveis de glicemia*.
Eric Westman, MD
* nota particular: reversão completa do quadro de diabetes

Eric Westman, MD já vem estudando a restrição de carboidratos para controle e reversão da diabete tipo 2 há mais de 12 anos; é autor de diversos artigos, em especial um muito interessante sobre diabetes e restrição a carboidratos: Has carbohydrate-restriction been forgotten as a treatment for diabetes mellitus? A perspective on the ACCORD study design. Leitura muito relevante !